Fitbit e a desconstrução de um produto perfeito

Quando temos algo em nossa vida que nos traz uma experiência única, e de uma hora para outra perdemos isso, a sensação é dolorosa.

Anos atrás usava um gerenciador de tarefas / produtividade chamado Wunderlist. Adorava a usabilidade, a facilidade, a simplicidade.

A Microsoft foi lá em 2015 e comprou o app. Por que? Para somar o produto no seu portfólio de serviços? Acrescentar as pessoas envolvidas no projeto para melhorar seus desenvolvimentos internos? Ou para aniquilar uma ótima solução e fazer as pessoas usarem algo inferior?

Hoje utilizo o Todoist, que é bom, mas não é o Wunderlist (e o Microsoft To Do é uma negação). Nessa semana o criador do Wunderlist lançou um novo app para fazer justamente o que o Wunderlist se propunha com algumas melhorias: o Superlist.

Desci no celular, mexi um pouco, mas não rolou ainda aquela ligação de ter encaixado o que eu quero com o que o app tem à disposição. Darei mais chances com o tempo.

Porém, não é o Wunderlist o objetivo deste texto, mas sim a Fitbit. E só tenho algo a dizer: que tristeza.

Sendo usuária desde 2014, ver o que está acontecendo agora é uma facada no coração. A Fitbit era para mim o melhor app em termos de usabilidade e funcionalidade – não dentro de saúde ou esportes, mas de tudo. A experiência de uso era perfeita.

O tratamento dos dados para os usuários era incrível. Claro, num nível amador que é onde me encontro (não vou comparar com Garmin e similares). A facilidade da integração do relógio com o app e vice-versa, a motivação para atingir os objetivos, a sensação de ver o progresso, era perfeito.

A comunidade de usuários é muita ativa, propondo melhorias, dando feedbacks e a equipe de produto deles ouvia, inseria no backlog, priorizava e botava em produção.

O Google comprou a Fitbit em 2019 por US$ 2,1 bilhões. Acredito que o mais valoroso nesta compra são os dados dos usuários e não a tecnologia em si. Desde então, esperava-se algumas mudanças com o aporte que o Google traz num produto. Mas não senti nada de significativo.

E eis que este ano começaram sutis mudanças no aplicativo. Agora em setembro / outubro chegou uma atualização que eu chamaria de “Material Designer goela abaixo na UI da Fitbit”. Uma 💩. Não sou (só eu) quem diz isso.

Que desgosto. O tópico para “Able to return to previous Fitbit app version” conta com mais de 2.700 votos. Os usuários estão neste tema expondo claramente suas frustrações e falando em deixar de usar a Fitbit para migrar para outro concorrente.

Por que uma empresa faz isso? Por que matar um produto excelente? 

Sabemos a resposta.

#fitbit #coracaopartido #produto #uxdesign #usuarios


Imagens da versão antiga perfeita (de prints do Google) e da nova 😭 do meu celular.