Eu gosto muito de ler e de vez em quando me procuram para indicar um livro. Para quem realiza a indicação, é um tiro no escuro – vai que você não conhece a pessoa leitora tão bem assim? Para quem aceita, é um ato de fé – se você pedir uma indicação, aceite que algo diferente pode estar chegando.
Da última vez que indiquei um livro, pensei imediatamente no último que li: Cem dias entre céu e mar, de Amyr Klink. É inevitável o impacto que uma boa leitura faz na gente, queremos compartilhar, falar e trocar sensações.
Li o livro também por uma indicação (Kadu). E depois de estar com ele por muito tempo na fila infinita de livros não lidos, botei ele na lista do “agora vai”.
O livro é pequeno, de fácil leitura e bonito. Um breve contexto: Cem dias entre céu e mar é o relato de uma travessia solitária com mais de 6.500 quilômetros da África ao litoral da Bahia, a bordo de um minúsculo barco a remo. Em 1984 (!).
Em um livro de aventura, se espera a emoção dos contratempos, das dificuldades, do inesperado, das reviravoltas. O que surpreende? É que não há (quase) nada disso neste livro!
Cem dias entre o céu e mar não é um livro que fala somente sobre coragem, mas também sobre disciplina, planejamento e foco. É um projeto!
As dificuldades existiram, mas foram todas previstas e mitigadas. Com a engenhosidade e perspicácia do Amyr, ele foi capaz de resolver os problemas que surgiram e ao mesmo tempo, deixar a travessia à prova de sustos.
Para além do citado acima, o livro é sobre o mar, a vida e a simplicidade.
“Havia muitos problemas, é verdade, centenas de problemas, mas todos, sem exceção, tinham uma solução. E o único verdadeiro problema seria organizar meticulosamente todas as soluções.” – Amyr Klink
Amyr conseguiu me trazer para dentro de seu barco a remo e com ele eu fiz essa travessia.
