Algumas semanas atrás, li um tweet que me fez pensar um bocado e em seguida me identificar com o texto:
“Exceptional designers spend 80% of their time exploring the problem. And finding a way into the problem space”
— @keesdorst
Em bom português, eu traduziria:
“Designers excepcionais consomem 80% do seu tempo explorando o problema. E encontrando um caminho para o espaço do problema.”
Eu penso muito nos problemas. É quase um passatempo, uma diversão, uma distração – eles me fascinam.
Desde setembro estava com um problema: comprei pela internet um tênis lindão da Asics para pisada pronada (Tênis Asics Gel Kayano 27 Tokyo Pronado Edição Limitada). Mas senti um incômodo doloroso nos dedões ao usá-lo.
Aí você pensa:
- Será que o tamanho está certo? Conferido, é um 39 e não 39 e meio ou 40 ou 38;
- Será que estou com a unha encravada (nunca tive unha encravada). Não estou;
- Será que as unhas estão grandes demais para usar o tênis? Parece uma suposição boba, mas já estava nesse nível. Não, nada de unha grande.
Neste ponto, já estava pensando na péssima ideia que foi comprar um tênis sem provar. Tenho alguns Asics e nenhum causou problemas, não era um risco tão considerável – exceto o preço salgadinho. Porém, usá-lo estava causando uma dor constante quando ficava no pé por mais de 10 minutos. E não havia espaço sobrando ou faltando na região dos dedões. Tampouco alguma costura naquela região.
Tentei resolver o problema com testes simples. Baseada no princípio do “e se…”:
- Colocar mais de uma meia ❌;
- Colocar uma meia grossa além da outra meia ❌;
- Colocar algodão na frente dos dedões ❌;
- Pedir para outra pessoa que calce 39 usar o tênis para ver se só eu estou sentindo esta dor bizarra ❌.
Nada.
Aí chegou o ponto de jogar no Google e pedir ajuda. Porém, ele não me trouxe opções diferentes daquelas que eu já tinha tentado. Eu comprei o tênis em setembro e o bonitão parado aqui em novembro.
Até que pensei: e se eu proteger de alguma forma os dedões? Porque claramente alguma coisa ali estava errada, eles estavam sendo pressionados ou com espaço em excesso. Voltando a tática do “e se…”, testei o tênis com meus dedões envoltos em plástico bolha.
Sim, isso mesmo.
E adivinha? Funcionou! Fui na academia, fiz esteira e tudo joia, sem nenhuma dor. Porém, usar plástico bolha de forma contínua seria uma possibilidade nada prática.
A gente sabe que as buscas do Google estão mais atreladas ao algoritmo de anúncios do que links úteis, mas somente achei na terceira ou quarta página da busca algo adequado ao que eu precisava: protetor de dedão.
Uns quarenta reais e problema resolvido. Ou melhor, dor resolvida, porque o problema continua lá se eu não usar o protetor. Agora é usar o tênis sem medo de machucar o joelho pela pisada para dentro.